terça-feira, 3 de abril de 2012

Foto Antiga


Revirando alguns álbuns antigos, encontrei algumas fotos de uma época que passou e deixou muitas marcas. Uma das fotos que encontrei foi a da minha primeira banda, Desintegration. Uma banda formada por quatro moleques loucos e com muita vontade de diversão.

Na época, eu estava ouvindo algumas bandas de peso. O Sepultura despontava como uma banda internacional, também tinha a Overdose, Viper e Sarcófago. Brasília ainda estava nos resquícios da era "Capital do Rock" onde as bandas mais faladas ainda eram as vindas do punk. Legião, Capital, Plebe e etc. Mas os moleques brasilienses não queriam mais isso. Estávamos na febre da distorção, da bateria rápida e com bumbos duplos e vocais guturais.

Depois de adquirir uma guitarra Jheniffer preta, marca nacional barata, eu passei a aprender palhetadas pesadas e bases arrastadas. Queria tocar Death e Thrash Metal. Passei alguns meses nesta luta até que decidi entrar em contato com outros moleques para começar um grupo. Na época, a internet não existia, para se formar uma banda, espalhávamos a notícia por meio boca-a-boca, ou recados colados nos estúdios, jornais, zines e lojas de metal. O primeiro que veio foi o Reynaldo. Ele estudava no colégio Elefante Branco com alguns amigos meus. Me apresentaram o moleque. Já gostei dele pelo visual, cabeludo, com uma camisa de banda. Ele tinha um material legal, muitos álbuns de bandas pesadas. E queria ser vocal. Ah, e sabia falar inglês, o que na época era um fator importante. Pois as bandas não cantavam mais em português. Depois veio o Jefferson. Ele veio por anúncio colado na Head Collection, loja onde trabalhava o CDC. Jefferson era guitarrista, disse que sabia tocar todas as músicas do disco do Sepultura, o Beneath the Remains. Foi aceito na hora. O Samuel, baterista, veio por intermédio do Jefferson. Os dois já estavam planejando montar uma banda. Então, apenas juntamos tudo. Faltava um baixista. Na época, baixista era o mais difícil. Ninguém queria tocar baixo. Era "palha". Meu irmão tinha um baixo que estava jogado de lado. Era um Jeniffer preto, bem surrado. Ou seja, como eu estava muito afim de ter uma banda, passei para o baixo. Então, nasceu o Desintegration. Reynaldo no vocal, Jefferson na guitarra, Samuel na bateria e eu no baixo. Nosso primeiro ensaio foi em um minúsculo estúdio que ficava no edifício Conic, o Cáustico Lunar. Mal cabiam os quatro moleques. Era super apertado, parecia um banheiro. E quando parávamos de tocar uma das caixas pegava uma rádio FM qualquer. Mas foi lá que começamos. Nosso primeiro ensaio foi em um sábado de manhã. Eu e Reynaldo fomos juntos, morávamos perto um do outro. Eu no Cruzeiro e ele na Octogonal. Chegamos mais cedo e ficamos esperando os outros dois. Em seguida chegou o Jefferson. Subimos para o estúdio. Depois de tudo pronto, chegou o Samuel. Eu tinha levado um pequeno gravador com uma fita bem velhinha. Queria registrar aquilo. Começamos a fazer alguns barulhos e depois tocamos algumas músicas que conhecíamos. O ensaio foi exatamente o que queríamos, uma zona sonora e muita diversão. Passamos duas horas brincando de tocar metal.

A banda existiu por alguns anos. Tocamos em vários shows na cidade. Lançamos duas demos que tiveram uma ótima aceitação. Recebemos diversos comentários positivos de zines e revistas. Como tudo que se inicia, um dia também acaba. O primeiro a sair foi o Jefferson. Deixou a banda para cuidar de um filho que estava a caminho. Precisou deixar o metal de lado e trabalhar muito. Desde então, as formações foram se sucedendo até que a banda acabou de vez. Deixou muita história e muita saudade. Mas, o mais importante e que todos os moleques cresceram e hoje continuam sendo grandes amigos.

Na foto, da esquerda para direita, Samuel, encostado no muro, Reynaldo no meio e eu na ponta. Tiramos esta foto em Taguatinga, perto da casa do Samuel. O Jefferson tinha acabado de sair. E quem tirou a foto foi nosso amigo Marco Aurélio, que depois veio ser baixista da banda, em sua última formação.