segunda-feira, 7 de maio de 2012

Passado X Presente

Quase todo mundo que conheço prega (ou pregou) a máxima de ser rebelde, de ser uma pessoa acima de regras e tudo mais. Convivo com músicos e artistas. Mas  descobri que na verdade isso é uma grande mentira. Com o passar dos anos as pessoas vão desenvolvendo um certo medo e arrependimento natural em relação a vida. Na medida em que envelhecem, vão se questionando e pensando no que poderiam ter sido, no que desperdiçaram, no que deixaram passar.  Toda a rebeldia de juventude, toda aquela vontade de ser diferente se esvai. Mas Isso é um processo natural e comum na maioria das pessoas. Não sustentam a ideologia plantada na juventude.  Nada contra. Normal.  Observando algumas pessoas próximas, que conviveram comigo durante algum período da minha vida. E que, principalmente, compartilharam comigo, fases de ideologias rebeldes e de inteira vontade de mudança. Hoje, são velhos entregues. Velhas vencidas.  Pilhas na máquina social. Aqueles que geram energia para a máquina do sistema.  Lendo assim, até parece que sou um velho "punk". Mas não é isso. Simplesmente cresci em grupos que pregavam mudanças. Pessoas que queriam um mundo melhor. Se não melhor, pelo menos diferente. Mas que com o passar dos anos, tornaram-se exatamente tudo aquilo que odiavam. Optaram pelo cômodo. Pelo, assim é menos trabalhoso, assim é o normal.
Perdi a conta de quantas vezes encontrei amigos de muitos anos que ao me encontrarem me perguntaram; "e aí, não vai fazer nenhum concurso?" " Quando você vai casar?". Ou: " E aí cara, ainda está na mesma?". Isso quando perguntaram. Porque na maioria das vezes, vão logo expondo seus feitos do tipo "passei nisso", Assumi aquilo" etc. Brasília e sua cultura do:" Não tenho vocação para isso, mas precisava de estabilidade". Sinceramente, quando vejo meus antigos amigos em situações assim, não sei o que pensar. Mas de forma alguma gostaria de estar no lugar deles. Já trabalhei em inúmeros trabalhos que eu odiava. E garanto, não tem nada mais terrível do que você ser obrigado a fazer o que não quer.  Conviver com pessoas que você não gosta. E nos órgãos públicos é exatamente o que acontece. Um monte de pessoas que estão lá porque passaram no concurso. Que não gostariam de estar lá. E muito menos, conviverem com as pessoas que também estão lá. È tudo um grande câncer. Que vai corroer a todos. Que vai matar lentamente a todos. E o pior, todos sabem  disso, mas estão tão envolvidos e orgulhosos, que não sentirão. Quando os sintomas aparecerem, já será tarde. Estarão inválidos. Quando, daqui a alguns anos, todos estiverem sentados em suas cadeiras, nas suas casas próprias, compradas com anos de energia gasta para o governo, olharão para os lados e verão suas esposas (ou maridos) envelhecidos, seus filhos crescidos, suas coisas guardadas e datadas de épocas distantes. Verão suas fotos e vídeos de épocas passadas e então  perceberão que o tempo passa e não volta mais. E que o que plantaram durante anos e anos, lhes renderam frutos, mas que os frutos não são tão suculentos assim ( como lhes prometerem na juventude). Começara então o período da depressão, da solidão, das doenças geradas pelo psico somatismo de anos e anos de privações.  O mundo estará mudado. A época deles terá passado e tudo mais já terá ido com os anos.