quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Caderno Antigo

Achado

Dando uma geral em minhas coisas, acabei achando um dos meus cadernos de anotações, poesias  e textos. Eu sempre adorei escrever.  Sempre andei com algum pequeno caderno onde anotava de tudo, escrevia de tudo. Hábito bem antigo. Talvez por isso eu seja tão nostálgico. De vez em quando, releio meus textos antigos e viajo no meu próprio passado. Eu não sou daqueles que mentem dizendo que não sentem saudade do passado. Principalmente, do próprio. Não. Eu sou super sincero em dizer que eu fui feliz, e sabia. Fui mesmo. Fui demais. E sempre tive a consciência de que aquela época passaria. E que todas aquelas pessoas



a minha volta, tomariam seus caminhos ( a maioria já morreu). Viveriam suas vidas distantes e contrárias a minha. Mas que exatamente, naquele período, estávamos convivendo a mesma época e situações. E eu aproveitei ao máximo. E por isso, sinto uma profunda saudade. Se minha antiga psicóloga lesse isso agora, me puxaria a orelha!
O engraçado, e talvez, o aprendizado... é que lendo este caderno antigo, me parece que foi escrito por outra pessoa. A letra, este monte de rimas, a forma de ver tudo, etc. É muita coisa diferente do que sou hoje. Mas, ao mesmo tempo, é inevitável reconhecer nestes textos, minha alma. O que sempre fui (e sempre serei). É muito foda (e cruel) se ver  assim! Se auto olhar  de uma distância tão longa. E ter que reconhecer características tão imutáveis. É um espelho cruel e severo. É uma cutucada no ego, que dói mais que tudo. Está tudinho aí. Tudo. A forma e a raiz. Está aí a solidão, o recolhimento, o amor, a paixão, o sonho,  a revolta, a arte ! Está tudo aí, onde sempre esteve. A porra do projeto inicial. A semente. Aquilo que de forma alguma mudará!
Reli todo meu caderno. Coisas escritas na década de noventa. Poxa! Estou com quarenta   e dois, em dois mil e quatorze. Pai, surrado, vivido, sempre apaixonado, sofrendo, quebrado, sonhando, lutando feito um louco, levando porrada por todos os ângulos, mal interpretado, mal falado, anti-social (talvez, sociopata) etc, etc e muitos etcs... Mas, o mais esclarecedor é saber (através destes textos) que não é culpa do mundo. Eu sempre fui exatamente assim. Mesmo moleque, mesmo sem vivência necessária. Tudo isso, sou eu. Exatamente assim, como sempre fui. 
Cacete. Pense na porrada?